Ação da Polícia Civil faz parte da Operação Quéfren, que investiga rede de influenciadores que promoviam jogos de azar online
A influenciadora digital Mariany Dias, de 20 anos, foi presa na manhã desta quarta-feira (2) em Várzea Grande (MT) durante a Operação Quéfren, conduzida pela Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Estelionato e Outras Fraudes de Cuiabá. Ela é investigada por divulgar, fomentar e estimular a prática de jogos ilegais, mais conhecidos como Jogo do Tigrinho.
Além de Mariany, a influenciadora Emilly Souza também é alvo da operação, mas ainda não foi localizada e é considerada foragida. Ambas são conhecidas nas redes sociais por divulgarem plataformas de apostas online e exibirem ganhos supostamente obtidos nesses jogos.
Mandados de prisão e apreensão
A ação policial cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão na casa de Mariany Dias, localizada no condomínio Florais da Mata, em Várzea Grande. Durante a abordagem, os agentes apreenderam um celular e um notebook da influenciadora, que serão analisados para aprofundar as investigações.
Já Emilly Souza, que possui mais seguidores – cerca de 95,1 mil no Instagram –, segue foragida. Segundo a polícia, ela ostentava viagens e promovia os jogos de azar por meio de postagens pagas.
A Operação Quéfren
A Polícia Civil do Mato Grosso atua em conjunto com a Polícia Civil do Ceará na Operação Quéfren, que foi deflagrada simultaneamente em quatro estados brasileiros: Ceará, Mato Grosso, São Paulo e Pará.
A operação busca efetuar prisões e apreender bens de influenciadores digitais e agentes de plataformas envolvidos na promoção de jogos de azar e suspeitos de lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Civil do Ceará, que coordena as ações, cerca de 70 mandados judiciais foram expedidos, entre eles:
13 mandados de prisão
17 mandados de busca e apreensão
23 mandados de busca veicular
15 ordens de bloqueio de bens e valores
Os alvos da operação estão localizados nas cidades de Juazeiro do Norte, Fortaleza, Itaitinga e Eusébio (CE), São Paulo, Embu das Artes e Santana de Parnaíba (SP), Cuiabá e Várzea Grande (MT) e Marabá (PA).
Esquema por trás dos jogos ilegais
As investigações apontam que influenciadores digitais contratados por agentes de plataformas promoviam os jogos ilegais nas redes sociais. O esquema funcionava da seguinte maneira:
Influenciadores eram pagos para divulgar as plataformas, exibindo "ganhos fictícios" para atrair apostadores;
Eles utilizavam contas "demo" ou de teste, simulando ganhos irreais para incentivar seguidores a jogar;
Os agentes das plataformas intermediavam o contato com os influenciadores e realizavam eventos para divulgar novos cassinos online;
O esquema envolvia uma rede de recrutamento, na qual influenciadores indicavam outros para ampliar a divulgação;
A remuneração ocorria por meio de pagamento fixo, comissões por novos cadastros ou percentual sobre valores apostados pelos seguidores.
Segundo a Polícia Civil, o esquema movimentou milhões de reais nos últimos anos, sendo parte de uma organização criminosa transnacional com indícios de lavagem de dinheiro.
Luxo e ostentação nas redes sociais
Os influenciadores envolvidos no esquema não apenas promoviam os jogos, mas também ostentavam viagens, carros de luxo e bens adquiridos supostamente com os lucros obtidos em apostas.
As investigações indicam que algumas dessas viagens eram financiadas pelos próprios chefes das plataformas, que, em sua maioria, residem no exterior, principalmente na China. Além disso, os operadores do esquema realizavam festas e eventos exclusivos para lançar novas plataformas de apostas.
Próximos passos da investigação
A Polícia Civil continua as diligências para localizar e prender os demais investigados, incluindo Emilly Souza, que segue foragida. O material apreendido será analisado para identificar outros possíveis envolvidos no esquema.
A operação busca desmantelar a rede de jogos ilegais e evitar que mais pessoas sejam enganadas por promessas de lucros fáceis em plataformas clandestinas.
Crime e penalidades
Os envolvidos podem responder por crimes como estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa, cujas penas podem ultrapassar 10 anos de prisão.