O vereador Jefferson Siqueira (PSD) tentou se justificar nesta quinta-feira (20) após a repercussão negativa da Moção de Aplausos concedida ao traficante Gilmar Machado da Costa, morto em confronto com as forças de segurança durante a Operação Aqua Ilícita, em Cuiabá. A ação desarticulou um esquema de extorsão que envolvia a cobrança de taxas ilegais para a venda de água.
A honraria foi concedida em fevereiro de 2024, sob a justificativa de que Gilmar atuava como líder comunitário no bairro Nova Conquista. No entanto, o homem já havia sido condenado por tráfico de drogas e comandava pontos de venda de entorpecentes na região.
Vereador afirma que não sabia dos crimes do homenageado
Em sua defesa, Jefferson Siqueira alegou que não tinha conhecimento dos antecedentes criminais de Gilmar e que a homenagem foi baseada em informações coletadas por sua equipe junto à comunidade.
“Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nós ouvimos os moradores antes de entregar uma moção. Foram mais de 400 homenageados, e eu não tive acesso a quem eram todos eles”, justificou o vereador.
Tentando minimizar a polêmica, ele também mencionou que outros políticos, incluindo Jair Bolsonaro e seus filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, já concederam homenagens a pessoas envolvidas com crimes.
“Errar, todo mundo erra. Vamos fazer um pente-fino e ver quantas moções já foram entregues por outros políticos? Jair Bolsonaro e seus filhos concederam moções a 16 policiais denunciados pelo Ministério Público por envolvimento com o crime organizado. Erraram também”, argumentou Jefferson.
Antecedentes criminais
Gilmar foi morto durante a operação policial realizada na manhã desta quinta-feira (20). Mesmo com um histórico criminal extenso, ele recebeu a honraria da Câmara Municipal por indicação de Jefferson Siqueira.
O criminoso foi condenado em 2021 a 9 anos de prisão por tráfico de drogas, pena que foi reduzida para 6 anos, 9 meses e 20 dias pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2022. Em 2020, ele foi flagrado desenterrando drogas em uma área de mata, o que resultou em novas denúncias.
Além do tráfico, Gilmar também era investigado por sua participação em um esquema de comercialização ilegal de água tratada, alvo da Operação Aqua Ilícita.
Na mesma ação, outro suspeito foi morto: Fábio Júnior Batista Pires, o “Farrame”, que já havia sido investigado na Operação Red Money em 2018, por envolvimento com o crime organizado.